sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

NO SILÊNCIO DOS OLHOS




Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?

José Saramago – em OS POEMAS POSSÍVEIS
editorial CAMINHO/Lisboa,1985

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