quarta-feira, 10 de novembro de 2010

LIVRE ARBÍTRIO




A vida já me deu
tapa na cara,
já pagou promessas,
já soltou amarras!

Já me deu avisos,
horas de improvisos,
falta de juízo,
tapou meus ouvidos...

Já me fez sorrir,
já me fez chorar.
Fez na corda bamba
eu aprender andar!

Fez de mim comédia,
riu da minha tragédia.
Fez do meu rascunho,
sua enciclopédia!

Adoçou minha boca
e depois tirou.
Só o gosto amargo
na boca deixou.

Deu-me a direção,
cegou-me com a venda.
O meu coração
quis de oferenda!




Deu-me o livre arbítrio
pra acertar e errar.
Jogou-me no poço
pra aprender lutar!

Deu-me passe livre,
vitórias e tropeços!!
Cada fim de linha
um novo recomeço!


(Mell Glitter)

SEMEANDO ESTRELAS

O que é a sensibilidade de um artista!!!!

O Semeador de Estrelas é uma estátua localizada em Kaunas, Lituânia. 

Durante o dia passa despercebida, só mais uma herança da época soviética.


Mas quando a noite chega, a estátua justifica seu nome:


Que possamos ver, sempre além daquilo que está diante de nossos olhos...


Presente do querido amigo Marcelo Cardoso. Obrigada amigo!!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Bela Flor, Maria Gadu

VALSA DOS CLOWNS


Em toda canção
O palhaço é um charlatão
Esparrama tanta gargalhada
Da boca para fora
Dizem que seu coração pintado
Toda tarde de domingo chora

Abra o coração
Do palhaço da canção
Eis que salta outro farrapo humano
E morre na coxia
Dentro do seu coração de pano
Um palhaço alegre se anuncia

A nova atração
Tem um jovem coração
Que apertado por estreito laço
Amanhece partido
Dentro dele sai mais um palhaço
Que é um palhaço com um olhar caído

E esse charlatão
Vai cantar sua canção
Que comove toda a arquibancada
Com tanta agonia
Dentro dele um coração folgado
Cantarola uma outra melodia

Em toda canção
O palhaço é um charlatão
E esse charlatão
Vai cantar uma canção

(Chico Buarque)
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segunda-feira, 17 de maio de 2010

A FITA MÉTRICA DO AMOR


Como se mede uma pessoa?
Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.
Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu,
quando trata você com carinho e respeito,
quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena pra você quando só pensa em si mesmo,
quando se comporta de uma maneira pouco gentil,
quando fracassa justamente no momento
em que teria que demonstrar o que há de mais importante
entre duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante pra você
quando se interessa pela sua vida,
quando busca alternativas para o seu crescimento,
quando sonha junto.
É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende,
quando se coloca no lugar do outro,
quando age não de acordo com o que esperam dela,
mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger
por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza
dentro de um relacionamento,
pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas:
será ela que mudou
ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições?
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor
que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor
que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade:
as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos.
Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros,
mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão,
e ao recolhê-la inesperadamente,
se torna mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos
que tornam uma pessoa grande.
É a sua sensibilidade sem tamanho.

(Martha Medeiros)

quinta-feira, 11 de março de 2010

BLUES DA PIEDADE


Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem


(Cazuza)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

NA VIDA...


Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não arrisca uma cor nova e
não fala com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o escuro ao invés do claro e os pingos nos "is"
a um redemoinho de emoções, exatamente a que resgata
o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto, para ir atrás de um sonho.

Morre lentamente quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte,
ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
nunca pergunta sobre um assunto que desconhece
e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em suaves porções, recordamos sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples ar que respiramos.

Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira FELICIDADE.

(Pablo Neruda)