sábado, 26 de setembro de 2009

RIFA-SE UM CORAÇÃO


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque
que insiste em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração
que na realidade está um pouco usado, meio calejado,
muito machucado e que teima em alimentar sonhos
e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia estava certo quando
escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu
espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato
que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida
que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração
que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos
que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.

Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo,
defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração
tão inocente que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer
e se recusa a envelhecer"

Rifa-se um coração,
ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.

Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos
que mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.

Um velho coração
que convence seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a
petulância de se aventurar como poeta.

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O CAMINHO DO AMOR


O caminho que eu escolhi é o do amor! E não importa
as dores, as angústias nem as decepções
que vou ter que encarar,
eu escolhi o caminho do amor,
e escolhi ser verdadeiro. No meu caminho,
o abraço é apertado,
o aperto de mão é sincero,
e quando eu me apaixono eu me entrego,
e me entrego de corpo, alma e emoção.

Por isso não estranhe a minha maneira de sorrir,
de te desejar o bem, eu sou aquela pessoa
que acredita no bem, que vive e anseia pelo bem.
Por isso, não estranhe se eu te abraçar bem apertado,
se eu me emocionar com a sua história,
se eu chorar junto com você,
se nos arrepiarmos ao ver o arco-íris no céu,
afinal de contas somos gente
e gente que fez a opção pelo bem,
e gente do bem se ama, se entrega,
vive e não se arrepende da vida.

É assim que eu enxergo a vida,
e é só assim que eu acredito que valha a pena viver.
Viver com emoção, com verdade.
Infeliz de quem trai,
infeliz de quem passa por cima
das emoções das pessoas de bem,
triste daquele que rouba, que mata,
que pratica a violência, pobre
daquele que nunca sentiu
o que é ser amado de verdade,
e mais infeliz ainda aquele que nunca amou.
Escolha também, o caminho do amor...

(AD)

sábado, 12 de setembro de 2009

SUTILMENTE


E quando eu estiver triste

Simplesmente me abrace

Quando eu estiver louco

Subitamente se afaste

Quando eu estiver fogo

Suavemente se encaixe


E quando eu estiver triste

Simplesmente me abrace

E quando eu estiver louco

Subitamente se afaste

E quando eu estiver bobo

Sutilmente disfarce


Mas quando eu estiver morto

Suplico que não me mate, não

Dentro de ti, dentro de ti


Mesmo que o mundo acabe, enfim

Dentro de tudo que cabe em ti


(Skank)
P.S.: Essa "tbm" é pra ti meu amor.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

QUEM DE NÓS DOIS


"Eu e você

Não é assim tão complicado

Não é difícil perceber

Quem de nós dois

Vai dizer que é impossível

O amor acontecer

Se eu disser que já nem sinto nada

Que a estrada sem você é mais segura

Eu sei você vai rir da minha cara

Eu já conheço o teu sorriso, leio teu olhar

Teu sorriso é só disfarce

E eu já nem preciso

Sinto dizer

Que amo mesmo, tá ruim pra disfarçar

Entre nós dois

Não cabe mais nenhum segredo

Além do que já combinamos

No vão das coisas que a gente disse

Não cabe mais sermos somente amigos

E quando eu falo que eu já nem quero

A frase fica pelo avesso

Meio na contra-mão

E quando finjo que esqueço

Eu não esqueci nada

E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais

E te perder de vista assim é ruim demais

E é por isso que atravesso o teu futuro

E faço das lembranças um lugar seguro

Não é que eu queira reviver nenhum passado

Nem revirar um sentimento revirado

Mas toda vez que eu procuro uma saída

Acabo entrando sem querer na tua vida

Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar

Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa

Falar só por falar

Que eu já não tô nem aí pra essa conversa

Que a história de nós dois não me interessa

Se eu tento esconder meias verdades

Você conhece o meu sorriso

Lê no meu olhar

Meu sorriso é só disfarce

Por que eu já nem preciso

E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais..."
(Ana Carolina)